O modernismo afável de Paulo Guilherme

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1974
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Escultor, escritor, arquitecto, pintor, cenógrafo e cineasta, Paulo Guilherme d’Eça Leal (Lisboa, 1932-2010) foi colaborador regular na maioria dos jornais de Lisboa, tendo editado mais de cinco mil ilustrações e assinado dezenas de capas de livros. É também sua a decoração de diversos edifícios emblemáticos, entre os quais a sede do Banco Pinto & Sotto Mayor, no Porto, o Aeroporto de Lisboa e o Museu do Centro Cultural de Macau em Lisboa. De entre esta multifacetada obra destacam-se ainda hoje, aos olhos de ilustradores e designers (e de todos os apreciadores de uma modernidade com sabor vintage), as capas  para algumas das mais destacadas editoras do seu tempo. Aqui ficam alguns bons exemplos do que tão frequentemente se designa (sem sentido) por “clássicos intemporais”.

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Western City Gate (Genex Tower)

Arquitecto: Mihajlo Mitrović

Belgrado, Sérvia, 1980


Fontes: Flickr, Tumblr, Wikipedia, Wikimedia, Hund Welt, I bike Belgrade, Skyscrapercity

Glimpses of Leiter

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Todd Haynes citou Saul Leiter (1923-2013) como uma das inspirações determinantes para o seu filme Carol. Motivo mais que suficiente para (res)suscitar o interesse na obra do fotógrafo norte-americano, cuja longa e bem sucedida carreira só agora parece estar a ganhar o reconhecimento merecido. Leiter foi um dos principais precursores no uso da cor (nomeadamente com película Kodachrome para diapositivos), tendo sido bastante maltratado pela crítica da altura. Hoje o seu génio é consensualmente reconhecido, e, três anos após a sua morte, a The Photographers’ Gallery, em Londres, inaugurou uma grande retrospectiva do seu trabalho.


Fontes: Please kill me, Roberta’s blog, Livejournal, New Yorker, Melton Prior Institute, The Guardian, AnOther

A herança de Ettore

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Feios, Porcos e Maus” (1976) apanhou-me desprevenido quando era puto. Um filme inusitado, com personagens grotescas mas profundamente humanas, mergulhadas num universo onde a miséria e a depravação fecundam (parece-me o termo adequado) a comédia mais despudorada. Tudo isto antes do auto e hetero-policiamento consciencioso, era bom, era muito bom. Era livre e inclassificável, sobretudo para um miúdo totó, de classe média, numa pequena cidade conservadora. Não soube situar nem entender todos os contornos sociais, nem o valor metafórico, nem a subversão paródica dos princípios do neo-realismo. Aquilo impressionou-me e ficou comigo. Estava de facto a assistir a uma das grandes obras da comedia all’italiana, assinada por um dos seus mestres, Ettore Scola (1931-2016). Algo que já sabia quando me deparei com a terna amargura e a elegância formal de “Um Dia Inesquecível” (1977). Aí fui surpreendido com mais uma face do realizador italiano, que, ao longo da sua carreira, só se deixaria definir “por um profundo amor a Itália”. Que seja descoberto e redescoberto para a eternidade.

O desinteresse galopante

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Kate Pugsley

O desinteresse galopante traz notícias do interior. Da minha pequena autocracia. Onde não se distinguem sentimentos de derrota das conquistas mais evidentes. Onde estão amontoadas trouxas esfarrapadas de desculpas e o resto se arruma em posição fetal. Diz-me que se esgotaram os recursos naturais de preocupação, mas que sobrou alguma eletricidade para me manter quentinho. Em boa hora decido regressar, porque há coisas e pessoas lá fora que me estão a incomodar.